quinta-feira, 16 de junho de 2016

Repostagem: Uma Grande Mulher

Foram anos de casamento, tínhamos dois filhos e uma longa história 
juntos.
Infelizmente vivíamos numa época que não permitiam divórcios, sendo 
assim, precisei aguentar calada muita coisa que hoje em dia mulher nenhuma suporta.
No inicio tudo são flores, não havia do que reclamar, ele era atencioso, romântico, cavalheiro, me respeitava, elogiava e até ajudava com as coisas em casa, com o passar do tempo tudo mudou; Ele se tornou distante, agressivo, intolerante e folgado; Nós já não nos tratávamos com tanto amor, nem com tanto carinho, na verdade com o tempo nós parecíamos dois estranhos compartilhando da mesma vida, salvo os raros momentos em que ele me tratava bem e agia com ternura, eram os nossos melhores momentos juntos.
Em tempo integral eu servia como escrava, não só dele mas, também das crianças, parece cruel, eu sei, mas essa é a mais pura verdade.
Lembro-me que quando nova eu sonhava em viver a vida da minha mãe, 
parecia perfeita; Ela era uma ótima mãe, uma ótima esposa e carregava sempre um largo sorriso no rosto, as vezes ao olhar em seus olhos se notava um vazio como se faltasse algo, mas nunca me importei tanto com isso.
Eu cresci e decidi seguir seus passos. 
No dia do meu casamento, ela estava lá, sorridente e radiante( hoje com mais maturidade pude perceber que eram só aparências, ela infelizmente morreu sem me contar as barbáries que vivia ao lado do meu pai, outro homem severo que tive o desprazer de conhecer); Eu tinha só dezoito anos e parecia saber o que queria, mamãe tentou mesmo que pelo olhar me dizer que eu não estava preparada e que nada daquilo era realmente o que parecia ser mas no auge de toda aquela minha alegria eu não 
notei e também não imaginava o que o futuro me reservava.
Três meses após o casamento, engravidei do primeiro filho, foi naquele instante que percebi (e já era tarde demais) que mamãe vivia de aparências, já não tinha como voltar atrás não naquele tempo em que o divórcio não era bem visto, onde nós mulheres eramos obrigadas a viver ao lado de um príncipe que no dia a dia se tornava um sapo, um monstro ou até coisa pior.
Eu descobri muito tarde que não havia nascido pra me submeter as ordens de alguém, não daquela maneira e só depois de muitos "corretivos"(esse era o nome que ele usava) aprendi que não tinha como fugir de tudo aquilo, eu entendi na pratica que as mulheres tinham que ser submissas, haviam nascido apenas para isso, era o que o meu avô dizia, ainda tentei(sem sucesso) recorrer ao meu pai contei pouco do que se passava em casa na esperança que ele fosse ficar ao meu lado e então ouvi dele que nós mulheres deveríamos agradecer por ter maridos assim tão bons e ainda acrescentou que mamãe também passou por poucas e boas (antes de falecer, misteriosamente) e sempre se manteve calada, meu pai me mandou voltar pro meu marido não antes de me repreender dizendo que o que acontece em casa, permanece em casa, além disso fez questão de ligar para meu marido só para avisar que eu estava o difamando pela cidade.
Ao chegar em minha casa, outra surra, mulheres deviam aguentar caladas, foi com esse episódio que aprendi isso.
Mais tarde veio o segundo filho, o primeiro beirava os quatro anos de idade e nem imagina o quanto eu sofria.
Foram anos e mais anos vivendo desta mesma forma, perante todos 
eramos um casal feliz, mas na intimidade tudo ia de mal a pior.
Eu esperei muitos anos na esperança de que a sociedade pudesse mudar 
e quando chegou este dia, quando finalmente a carta de alforria poderia ser entregue, quando finalmente eu poderia me tornar uma mulher livre, meu marido adoeceu, eu não podia deixa-lo, não naquela situação.
Foram longos dez anos, cuidando e zelando pela vida daquele moribundo que outrora havia matado todos os meus sonhos um a um, até que na semana em que completaríamos cinquenta anos de casados, ele se foi, só que já era tarde e  não me restavam mais forças para então viver a minha vida, eu já não tinha vida, não tinha tempo para ser feliz ou até mesmo para viver uma história de amor verdadeiro. 


Para todos os efeitos fomos um casal feliz, que se amou e se respeitou até o fim dos seus dias.

quarta-feira, 18 de maio de 2016

Dê Amor Antes Que Seja Tarde

Naquela manhã acordei atrasada, olhei para o lado e você já não estava lá, levantei preocupada, andei até a sala e ao passar pela cozinha pude notar você coando o café com os olhos ainda inchados. Eu passei depressa nem notei que você estava preparando uma surpresa para mim, meu tempo era curto, tanta coisa a fazer que eu entrei no banho sem nem ao menos um bom dia lhe dizer.
Eu me arrumei tão rápido que nem acreditei, olhei para o relógio e percebi que ainda dava tempo de entrar no segundo tempo da faculdade, passei por você ainda vestindo o casaco dizendo aos berros que nos víamos nos jantar, você me pediu um abraço, mas, a minha pressa não me deixou lhe dar, lá de baixo eu te gritava que mais tarde eu iria compensar que o dia estava corrido, que eu tinha prova nem poderia faltar… 
Lembro-me que nossas brigas eram sempre a respeito do tempo, o tempo que eu nunca tinha para passar com você, hoje eu me arrependo dos abraços que te neguei, do tempo que perdi.
Naquela tarde tive a oportunidade de voltar pra casa mais cedo, mas, você não estava lá.
Me emocionei ao chegar ao nosso quarto e encontrar um buquê de rosas vermelhas acompanhado de uma caixinha e um cartão.
No cartão havia um pedido: Case-se comigo amor que prometo lhe amar até a ultima rosa murchar.
Na caixinha duas alianças. Lindas, exatamente como eu sempre quis você sempre soube como me agradar.
Ainda com lagrimas nos olhos, caminhei até a sala, me sentei no sofá de frente a porta e esperei você voltar.
Intermináveis horas já haviam passado e você não havia chegado, passei a ficar preocupada, atitudes como essa não eram de seu feitio. Eu liguei repetidas vezes para seu celular e deixei inúmeros recados na sua caixa postal você não retornou.
De repente meu celular tocou, era você me ligando.
- Alô Guto.
- Olá quem fala?
- Quem é?
- Por gentileza a Dona Fernanda.
- Sou eu, mas quem é você? O que faz com o celular do Gustavo?
- Senhora eu sou o oficial Bryan.
- Oficial? O que o Gustavo fez?
- Não se trata do que ele fez se trata do que fizeram com ele.
- O que fizeram com o Gustavo?
- Senhora já localizei no aparelho dele o endereço de vocês e eu estou enviando uma viatura até a senhora e eles irão traze lá até mim ok? Espero que você entenda, o assunto é sério e não pode ser tratado pelo telefone.
- Eu não vou sair daqui até saber o que houve com ele.
- Senhora faça o que estou pedindo.
- Ele esta bem?
- Senhora não seja teimosa, apronte-se, pois a viatura já deve estar chegando ai.
Eu relutei meu amor, juro que não queria entrar naquele carro, algo me dizia que a noticia não seria boa, mas eu fui afinal eu me preocupava com você e precisava saber onde você estava.
Os policiais me levaram até uma delegacia, me fizeram esperar uns dez minutos enquanto conversavam entre si… O tempo parecia não passar, o TIC-TAC daquele relógio e a falta de informações estavam me levando à loucura.
Já estava impaciente quando comecei a gritar, todos a minha volta me olhavam perplexos como se gritar fosse crime, os policias me trouxeram um pouco de água com açúcar para tentar me acalmar só que tudo aquilo me deixava ainda mais irritada, eu resolvi acender um cigarro foi quando um baixinho rechonchudo apareceu e apagou meu cigarro
- É proibido fumar em lugares fechados…  Principalmente na minha delegacia.
- Preciso de noticias e ninguém me dá sendo assim, com licença vou fumar um cigarro.
- Senhora me acompanhe até minha sala.
- Quem é você?
- Eu sou o oficial Bryan. Entrei em contato com a senhora hoje para falar a respeito de seu… Amigo?
- Namorado, marido, esposo, amigo, confidente, Minha vida. O que houve com ele? (eu gritava, visivelmente alterada)
- Controle-se senhora. Ocorreu um acidente na avenida principal e…
- Acidente? Como foi este acidente?
- Um carro a toda velocidade atingiu um pedestre…
- Mas o Gustavo não estava de carro hoje.
- Senhora não me interrompa. O seu noivo foi atingido pelo carro em alta velocidade ao atravessar a pista com o farol vermelho, pelo visto ele tinha pressa de chegar em casa, no local encontramos um vestido de noiva, ele estava vestido com um Smoking e carregava uma carta na qual a senhora era a destinatária.
- Cadê ele? Em que hospital ele está?
- Senhora infelizmente ele não resistiu e faleceu no local, eu a chamei aqui para que fosse feita a identificação do individuo. Você se sente bem para isso? É capaz de identificar o senhor Gustavo D’Prado?
- Claro que sou capaz de identifica-lo. Passei anos ao lado dele, eu sou capaz de reconhece-lo de longe.
- Tem certeza que não prefere que isto seja feito por outro familiar?
- NÃO...Eu preciso me despedir dele.
- Tudo bem senhora, neste caso acompanhe o policial que ele irá te levar até o IML.
É impressionante o quão fria eu fui, eu não chorei, não naquela hora, não tanto quanto devia, eu caminhava em direção à porta do necrotério ainda sem acreditar que você estaria lá, mas você estava.
Abriram a porta vagarosamente e me convidaram para entrar, minhas pernas haviam travado, meus olhos insistiam em se fechar, mas meu coração desejava incessantemente tocar teu corpo… Então eu entrei, era como se a pouco houvesse aprendido a andar, ia devagar, passo a passo, como se tivesse medo de perder o chão, ia analisando o caminho até chegar a você que se encontrava no meio daquela sala mórbida, fétida, sombria.
Fiquei por um tempo em pé, intacta, encarando teu rosto totalmente desfigurado, seu corpo desfalecido. Algo me fazia querer deitar ali com você, te sentir por mais que já estivesse gelado eu precisava disso, deitei cuidadosamente ao teu lado, me ajeitei calmamente em teus braços e ali repousei, fechei os olhos na tentativa frustrada de ao abri-los constatar que tudo aquilo havia sido apenas um pesadelo e nosso belo dia estava apenas começando… Isso não deu certo.
Sentei na maca, segurei tua mão, te beijei a boca e fechei teus olhos enquanto sussurrava em seu ouvido juras de amor esperando que você pudesse ouvir meu ultimo apelo: Fica comigo amor, não se vai eu te amo, volta pra mim, não sei viver sem você...
Peguei uma tesoura que havia numa mesa ao lado mas, os policiais interviram com medo de que a minha falta de lucidez me fizesse cometer alguma loucura, Eu juro que só queria um pedaço de seu cabelo para guardar de recordação, só que eles não entenderam e me arrastaram para fora, me deram alguns tranquilizantes e me levaram para casa.
Não tenho a mínima ideia de como entrei em casa, sei apenas que acordei de banho tomado e com aquele baby doll que você comprou pra mim… Sim o seu preferido.
Levantei sonolenta, vasculhei a casa e não te encontrei na mesa alguns papéis me trouxeram para a dura realidade: Você se foi… Me arrependo pelo abraço que não te dei, pelas juras de amor que não pronunciei, e por tudo que nos privei por falta de tempo. Quando algo assim acontece a gente arruma um tempo, incrível como não consegui isso antes.
Talvez eu tenha ficado uns meses trancada em casa depois deste incidente, me isolei de todos, não mereciam minha companhia… Lembro-me que você costumava dizer que sou coisa rara, eu sabia que não era verdade, mas entrava no seu jogo só pra poder lhe dizer que eu era toda sua e então te ver abrir aquele sorriso largo, o sorriso mais lindo que eu já vi.
Você não faz ideia do quanto sinto sua falta e como esta sendo difícil se adaptar ao meu mundo sem você, eu costuma dizer que você era meu mundo, mas agora você se foi… O que será de mim?
Minha família tentou entrar em contato comigo depois de descobrirem o que aconteceu isso levou exatamente cinco meses, tempo demais… Sua família ainda me culpa por tudo, como se eu pudesse prever o que iria acontecer.
Eu parei de trabalhar, as nossas contas acumularam, ainda te ligam lá de Paris oferecendo aquela vaga de emprego, outro dia encontrei duas passagens anexadas na sua agenda e um plano, pelo visto nós moraríamos lá… Ótima escolha.
Ontem revirando os armários encontrei nossas fotografias, eu não sabia se ria pelo que passou ou se chorava por saber que não volta… Resolvi chorar, era um choro contido há alguns meses, eu havia chorado pouco desde que recebi aquela triste noticia.
Hoje já faz um ano que não o vejo, um ano que você partiu um ano que foi sepultado e eu não estava lá… Precisei ser hospitalizada, não pode te dar um ultimo adeus.
Precisei deste tempo só pra mim, pra me adaptar a uma nova “vida”, a toda esta solidão só agora me dou conta da importância desse adeus, você gostaria que eu seguisse em frente, provavelmente me diria zangado:
- Fernanda larga de drama, a vida passa depressa não temos tempo para lamentações, anda levante-se daí enxugue as lagrimas… Vamos sair?
E eu responderia:
- Gustavo não enche isso não é drama, eu sinto, eu choro é normal quando se sente.
Você me faria cócegas, me daria forças pra continuar.
Você não está mais aqui para me animar, mas tenho a impressão que onde estiver esta torcendo pra que eu consiga me levantar sozinha por este motivo vou sair… Vou te visitar, tentar me libertar.
Sabe aquele lindo vestido de noiva que você me deu? Ainda guardo aqui, esta com umas manchas enormes de sangue… Seu sangue, mas, preferir deixar assim, não tenho a intenção de me livrar de você e de suas memórias apesar de saber que preciso me libertar do passado para seguir adiante; Também Vou levar nossas alianças e aquele buque de rosas (estão murchas, exceto uma de plástico que me fez entender o porquê daquele pedido de casamento) pretendo me despedir de você no melhor estilo…

Demorei mas cheguei…
Olá anjo, senti sua falta sabia? Foi difícil encontrar seu tumulo, foi engraçado entrar no cemitério com um vestido de noiva manchado de sangue, toquei o terror aqui muitos fugiram pensando ser assombração e mais uma vez lembrei de você e de como era engraçado assistir filmes de terror ao seu lado, cheguei aqui com lagrimas nos olhos mas com o coração cheio de amor, um amor puro, grande e sincero que nunca sentirei por mais ninguém… Vim dizer que independente de tudo eu te amo que quero lhe encontrar quando for minha hora e que ainda me culpo por não ter sido boa o bastante pra você, eu trouxe aquela carta que você carregava naquele dia triste em que a sua pressa te levou de mim, pretendo Ler ela aqui, na sua presença.
Nanda, meu grande amor.
Estamos juntos há quanto tempo? Um ano? Dois? Três?
Três anos, cinco meses, trinta dias e algumas horas para ser mais exato… O que este tempo significa para você? Muito?
Para mim isto é pouco comparado à vida que quero ter ao seu lado, a família que quero construir com você, aos sonhos que quero tornar realidade…
Sei que pode parecer precipitado isso, mas, um amigo me ensinou que nunca é tarde demais e nem cedo demais, tudo tem a hora certa e esta é a hora…
Fernanda Diaz, eu quero que você seja a mãe dos meus 12 filhos, a rainha do meu lar, quero que você seja a mulher que vai acordar ao meu lado todas as manhãs até o dia da minha morte, que vai me ajudar a levantar e seguir em frente e me dar uns puxões de orelha quando necessário; Eu quero ser o homem que você vai ter orgulho de chamar de esposo, que vai pedir ajuda quando precisar e que vai te amar além da vida, quero ser capaz de fazer brotar um sorriso em seu rosto toda vez que ouvir meu nome.
Eu quero casar com você, já fiz planos para nós dois.
Desde o dia que te conheci soube que seria você a mulher da minha vida, a dona do meu coração… Não tive duvidas afinal você encanta a todos com seu belo sorriso. (Espero que ele nunca se apague, Sorria Fernanda eu te amo, Sorria por estar viva, Sorria por tudo que vivemos e que ainda vamos viver).
Se você disser que sim, hoje vamos nos casar, eu planejei tudo, a capela nos aguarda o vestido está lá no quarto junto com as alianças, eu comprei até um Smoking você disse que fico elegante assim.
Te espero no altar, Não esqueça as alianças…
Ps: Fernanda com você eu sou o cara mais feliz do mundo, eu te amo, mas, entenderia perfeitamente caso a resposta fosse não… Espero que pense bem, nosso futuro depende de você. A cerimônia é as 23:00 não se atrasa.
Ps²: Em caso de duvida pense nos momentos que tivemos Tudo que enfrentamos todas as alegrias e tristezas, pois nem só de alegrias se constrói uma história… Afinal ninguém é feliz para sempre
Ps³: Independente de qualquer coisa meu maior sonho é ver você feliz, seja com quem for… Seu sorriso é muito lindo para ficar escondido.
Te amo Nanda.

Pela primeira vez depois da sua morte me sinto mais leve, feliz, completa, de alguma forma estou te sentindo mais presente em mim, se soubesse que seria assim teria feito isso antes, te ler me fez reviver nas memorias todos os nossos bons momentos e mais do que nunca me fez ter a certeza que este não será o fim da nossa historia afinal, Você me ensinou que nada nem ninguém é capaz de separar um grande amor… Nem mesmo a morte
Hoje eu vou embora sorrindo, pois sei que um dia ainda vou te reencontrar… Te amo Guto


terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

Superação?

As vezes eu me pergunto se eu superei realmente tudo o que me aconteceu nesses últimos anos, se eu consegui de verdade seguir em frente, sem aspas sabe, dessa forma bem real, mas, são nesses momentos também que paro para refletir em torno da palavra SUPERAÇÃO e percebo que não, ela nunca existiu pra mim,  o motivo é simples eu vivo a sombra do passado mesmo que por vezes fracionado em pequenas memorias, do que foi ou do que deixou de ser, sabe quando sua mente vaga entre um acontecimento e outro se questionando o porque de tudo, como  por exemplo quando eu me pego tentando imaginar como teria sido se eu não tivesse feito aquela viagem em fevereiro de 2012, aquela viagem que pra mim foi um grande passo para a vida adulta enquanto em contra partida foi o fim do relacionamento dos meus pais ( pra quem não sabe eles se mantinham "juntos" porque eu os "obrigava" e ter me distanciado foi crucial para a separação deles, as vezes me pergunto se valeu a pena, se foi realmente a melhor escolha naquele momento mas, eu sei que no fundo foi a melhor escolha para mim (apesar de tudo),  só eu sei o que eu estava sentindo,  eu estava nos meus piores dias e se não houvesse ido talvez teria sido o meu fim). Eu sempre pensei muito nos outros e deixei de pensar em mim e me manter no meio da guerra que havia se tornado aquele relacionamento foi me fazendo adoecer, digo espiritualmente, eu me sentia presa, sozinha, incapaz e indefesa e quando o suicídio me parecia uma ótima saída e a insanidade havia se tornado meu estado normal algo em mim, a parte que queria se manter viva, resolveu agir, eu fugi dos problemas, peguei um avião e fui pro lugar mais longe e aconchegante que meu dinheiro pudesse pagar, era carnaval de 2012 e eu estava em salvador-BA Meu segundo lar, eu fugi, não literalmente claro, afinal todos estavam avisados, eu havia completado 18 há alguns meses e era minha primeira viagem sozinha, fui rever familiares e abstrair do que havia me deixado pirada e no meio da viagem um telefonema me deixou preocupada o que eu havia evitado a anos havia acontecido: a temida separação  e a culpa talvez fosse minha também porque desta vez eu não estava lá mas enfim, aconteceu e vem durando até hoje. O que aprendi com isso? Que as pessoas mudam, que existia um lado do meu pai ao qual eu não conhecia e não me agradou em nada ter conhecido, ele se esqueceu que tem filhos e isso me abalou e abala até hoje afinal sempre fui a princesinha do papai e de repente perdi a coroa mas uma vez desprotegida e "sozinha".
A vida segue não é mesmo? E foi o que todos fizeram, seguiram suas vidas, inclusive eu e entre erros e acertos e muitas historias incompletas e dispensáveis eu fui vivendo, morei só, morei com uma pessoa a qual por anos considerei minha melhor amiga mas, melhor amiga porque mesmo? tudo bem, não vem ao caso, sei que me decepcionei e muito e essa historia rendeu pano pra manga porque eu guardo rancor e foi o que eu fiz no decorrer desses anos mas deixemos essa historia pra outrora.
Voltando a esse lance de Superação, a verdade é que não superei nada mesmo, eu continuo me martirizando por muita coisa, sofro e choro em silêncio ainda por determinadas lembranças mas olhar pro lado e ter alguém com quem contar me faz respirar fundo e seguir em frente mesmo que devagar e que de vez em quando eu pare para olhar pra trás (e quando me refiro a olhar para trás e reviver o passado não é sobre amores passados e sim sobre dores, sobre perdas que ainda me afetam) meu pai me faz uma falta que ele nem imagina (eu apenas me faço de forte), ter perdido dois bebes em curto tempo quando meu grande sonho é ser mãe também me afeta bastante mas contudo eu sei que hoje eu tenho um colo pra deitar e isso alivia minhas dores. O ponto em que quero chegar é que no meio disso tudo eu encontrei um motivo pra sorrir, ele tem nome, sobrenome e um gênio forte, é de bastante carne (hahaha)  e osso e tem mudado minha vida de forma positiva e intensa, tivemos discussões, desentendimentos em alguns momentos eu quis morrer mas, me mantive calma (SQN), não tem sido fácil mas a vida em si nunca foi não é mesmo? pelo menos não pra mim, o fardo agora é mais leve porque ele me ajuda a carregar, e nesses dois anos passamos por poucas e boas, foram tapas e beijos as vezes as brigas eram constantes e a convivência ia se tornando insuportável mas valeu e vem valendo, como aprendizado pra vida toda, sei que nesse curto espaço de tempo ele se tornou o homem da minha vida e que mesmo que não dure pra sempre ele será sempre lembrado, o pai das minhas duas estrelinhas que brilham no céu, o homem que esteve comigo nos momentos mais dolorosos desses últimos dois anos, me apoiando, me dando a mão e também um ombro pra chorar, o mesmo homem que prometeu realizar meu sonho de ser mãe e que me fez entender que talvez não era a hora e que precisávamos seguir em frente apesar das perdas poque a vida é como um jogo e nem sempre a gente ganha, o homem que me ajudou a crescer, que me fez acreditar que  existe sim amor e diferente do que eu pensava ele ( e nesse momento me refiro ao amor) está ao nosso alcance, o homem que me mudou e vem mudando até hoje, o homem que mesmo com todos os seus defeitos me ganhou de uma forma unica e intensa de corpo e alma e que vai ficar gravado na minha história pra toda a eternidade. 


~Não era sobre você, era sobre as perdas que me entristecem mas, estar com você me faz lembrar que não é o fim, que ainda posso ganhar essa guerra por que tenho você para enfrentar as batalhas diárias. Te amo príncipe.
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