domingo, 28 de junho de 2015

Palavras reprimidas

Todas as frases não ditas, todas os sentimentos impedidos de serem expressos, tudo isso, torna-se lágrima daquelas que brotam do fundo da alma e do lado mais desprezado do coração, no entanto o choro também é reprimido pois nesta relação nada disso é permitido, nada que fuja da zona de conforto que é "estar bem" mesmo que nada pareça estar.
As vezes tudo isso se aglomera e me deixa próxima de explodir assim como um vulcão em processo de erupção, mas isso também não é certo pois agir assim seria infantil, quero que alguém me mostre as regras, onde é que diz que pra ser adulto não pode chorar, falar abertamente sobre sentimentos ou demonstrar as fraquezas? Se for assim prefiro ser criança, é mais saudável, dói menos.
Eu só quero ter a liberdade de falar qualquer merda que me venha a cabeça só pra me sentir melhor, ter a oportunidade de chorar quantas lágrimas forem necessárias para expulsar essa angustia que vez ou outra invade meu peito, só queria cuspir verdades por ai para me sentir mais leve, queria conseguir ter medo sem parecer alguém assim tão frágil, acima de tudo viver sem precisar se sentir assim por tantas vezes: reprimida.


sábado, 20 de junho de 2015

Uma grande mulher

Foram anos de casamento, tínhamos dois filhos e uma longa história 
juntos.
Infelizmente vivíamos numa época que não permitiam divórcios, sendo 
assim, precisei aguentar calada muita coisa que hoje em dia mulher nenhuma suporta.
No inicio tudo são flores, não havia do que reclamar, ele era atencioso, romântico, cavalheiro, me respeitava, elogiava e até ajudava com as coisas em casa, com o passar do tempo tudo mudou; Ele se tornou distante, agressivo, intolerante e folgado; Nós já não nos tratávamos com tanto amor, nem com tanto carinho, na verdade com o tempo nós parecíamos dois estranhos compartilhando da mesma vida, salvo os raros momentos em que ele me tratava bem e agia com ternura, eram os nossos melhores momentos juntos.
Em tempo integral eu servia como escrava, não só dele mas, também das crianças, parece cruel, eu sei, mas essa é a mais pura verdade.
Lembro-me que quando nova eu sonhava em viver a vida da minha mãe, 
parecia perfeita; Ela era uma ótima mãe, uma ótima esposa e carregava sempre um largo sorriso no rosto, as vezes ao olhar em seus olhos se notava um vazio como se faltasse algo, mas nunca me importei tanto com isso.
Eu cresci e decidi seguir seus passos. 
No dia do meu casamento, ela estava lá, sorridente e radiante( hoje com mais maturidade pude perceber que eram só aparências, ela infelizmente morreu sem me contar as barbáries que vivia ao lado do meu pai, outro homem severo que tive o desprazer de conhecer); Eu tinha só dezoito anos e parecia saber o que queria, mamãe tentou mesmo que pelo olhar me dizer que eu não estava preparada e que nada daquilo era realmente o que parecia ser mas no auge de toda aquela minha alegria eu não 
notei e também não imaginava o que o futuro me reservava.
Três meses após o casamento, engravidei do primeiro filho, foi naquele instante que percebi (e já era tarde demais) que mamãe vivia de aparências, já não tinha como voltar atrás não naquele tempo em que o divórcio não era bem visto, onde nós mulheres eramos obrigadas a viver ao lado de um príncipe que no dia a dia se tornava um sapo, um monstro ou até coisa pior.
Eu descobri muito tarde que não havia nascido pra me submeter as ordens de alguém, não daquela maneira e só depois de muitos "corretivos"(esse era o nome que ele usava) aprendi que não tinha como fugir de tudo aquilo, eu entendi na pratica que as mulheres tinham que ser submissas, haviam nascido apenas para isso, era o que o meu avô dizia, ainda tentei(sem sucesso) recorrer ao meu pai contei pouco do que se passava em casa na esperança que ele fosse ficar ao meu lado e então ouvi dele que nós mulheres deveríamos agradecer por ter maridos assim tão bons e ainda acrescentou que mamãe também passou por poucas e boas (antes de falecer, misteriosamente) e sempre se manteve calada, meu pai me mandou voltar pro meu marido não antes de me repreender dizendo que o que acontece em casa, permanece em casa, além disso fez questão de ligar para meu marido só para avisar que eu estava o difamando pela cidade.
Ao chegar em minha casa, outra surra, mulheres deviam aguentar caladas, foi com esse episódio que aprendi isso.
Mais tarde veio o segundo filho, o primeiro beirava os quatro anos de idade e nem imagina o quanto eu sofria.
Foram anos e mais anos vivendo desta mesma forma, perante todos 
eramos um casal feliz, mas na intimidade tudo ia de mal a pior.
Eu esperei muitos anos na esperança de que a sociedade pudesse mudar 
e quando chegou este dia, quando finalmente a carta de alforria poderia ser entregue, quando finalmente eu poderia me tornar uma mulher livre, meu marido adoeceu, eu não podia deixa-lo, não naquela situação.
Foram longos dez anos, cuidando e zelando pela vida daquele moribundo que outrora havia matado todos os meus sonhos um a um, até que na semana em que completaríamos cinquenta anos de casados, ele se foi, só que já era tarde e  não me restavam mais forças para então viver a minha vida, eu já não tinha vida, não tinha tempo para ser feliz ou até mesmo para viver uma história de amor verdadeiro. 
Para todos os efeitos fomos um casal feliz, que se amou e se respeitou até o fim dos seus dias.

quarta-feira, 17 de junho de 2015

Suas Partidas

Mais uma vez você saiu, jurando nunca mais voltar,essa não é a primeira vez e talvez não será a ultima, na verdade foram inúmeras as vezes em que isso aconteceu, mas ainda assim não consigo deixar de sentir um aperto no peito toda vez que você vai, inevitavelmente deixo ir contigo um pedaço de mim, dói te ver sair pela porta apressado, atrás dessa tal liberdade que te faz sorrir e mesmo que as suas promessas até o momento não tenham sido colocadas em prática, eu sinto um medo enorme que dê uma hora pra outra você decida que desta vez não tem jeito, que dessa vez não tem volta, medo que você resolva que definitivamente nosso romance chegou ao fim, se isso acontecer eu nunca saberei quando deixar de lado a esperança de um dia te ver voltar afinal suas idas e vindas nunca tiveram dia ou hora marcada, por isso que agora eu te peço mande um sinal de fumaça se isso por ventura vier a acontecer só pra que eu saiba que devo seguir em frente, mas desta vez sem você.

domingo, 14 de junho de 2015

Carolina

Carolina, esse era o nome dela mas, eu tinha o costume de chama-lá de anjo.
Ela tinha o hábito de me salvar, fazia isso todos os dias.
Um olhar de brilho intenso, um jeito meigo de falar, ela tinha o amor em todos os seus gestos, seu toque era leve como uma pena, ele me causava um misto de arrepio e frisson...
Carolina surgiu em minha vida num momento difícil e então permaneceu, fez dos meus dias ao seu lado os melhores de minha vida.
Carolina me pôs nos eixos, eu que antes era apenas um garoto, ao lado dela amadureci.
Aprendi muita coisa com essa experiência, ensinei também afinal todo relacionamento é uma troca.
Juntos éramos imbatíveis, sempre grandes amigos, além de homem e mulher, talvez seja por isso que hoje ela me faça tanta falta..
Em anos nos relacionando eu pude conhecer seu lado doce, mas no final inevitavelmente provei de seu amargo sabor.
Com o passar do tempo toda relação cai nas garras da rotina e com a gente não poderia ter sido diferente, vieram as brigas, desentendimentos,faltou a paciência, e não restou nem mesmo o respeito.
Eu á trai, fui fraco, admito, com o tempo passei a acreditar que ela seria pra sempre minha, confiei demais no meu poder de mante-la em minhas mãos, eu subestimei o amor que elá tinha por si mesma, Pensei que seria fácil conseguir um perdão, que uma escapadinha não me traria grandes consequências, eu por um  momento acreditei que nunca seria pego, nas primeiras vezes foi fácil esconder as evidências mas foi ficando mais sério, e o perigoso é mais gostoso(era o que a outra dizia), fui brincar com fogo e sai queimado, Carolina descobriu, ninguém, precisou dizer, ela viu com os próprios olhos e chorou de uma forma que acredito ter doído mais em mim do que nela, naquele momento parei pra refletir sobre o meu erro e desde então não houve um sequer dia que eu não tenha me arrependido de como tudo aconteceu.
Não tinha conversa, não havia segunda chance, ela não queria desculpas ou explicações. Acabou ali, da pior forma possível.
O tempo me fez perceber que a traição foi uma escolha errada, pude entender que trair não concerta as coisas só nos leva mais rápido ao ponto final, também notei que se arrepender desse erro não me trará ela de volta, infelizmente terei que conviver com isso. 
Carolina sem mim Continua a mesma . Eu sem ela nunca mais fui feliz.

segunda-feira, 1 de junho de 2015

Eu fugi

Eu estava ali mas, era como se não estivesse, você não me enxergava mais, na verdade só o fazia quando isso lhe convinha, ainda assim me mantive ali o tempo todo, até mesmo quando menos merecia; Você parecia estar sempre a procura de algo, como se tudo o que eu o oferecia não fosse o bastante para o satisfazer.
Eu sabia que havia algo errado, no fundo sempre soube, talvez tenha tentado maquiar as coisas, camuflar os seus defeitos só pra não me ferir, mas isso não funcionou, estava escrito nos seus olhos e qualquer um podia ler, você não estava afim de viver algo tão sério, não estava nos seus planos se entregar pra mim e com o passar do tempo se tornou um fardo carregar o peso de uma relação tão intensa quanto a nossa; Não faltou muito pra que eu começa-se a notar seus deslizes, suas escapadinhas depois do expediente, os arranhões no seu corpo, o perfume diferente e até as marcas de batom, você não se importava, nem sequer disfarçava, já havia desistido de nós só não tinha encontrado coragem para partir e foi nesse instante que eu decidi fugir, sem gritos, sem despedidas, sem explicações baratas, fugi porque talvez esta fosse a forma menos dolorosa de acabar com tudo, fugi porque seria pior ter que ouvir uma a uma as suas desculpas esfarrapadas com falsas promessas de que não vai se repetir, fugi porque já havia passado por isso antes e eu sabia onde isso ia acabar.



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